Do primeiro voo a gente nunca esquece. I
Corria o ano de 1974 - já há 50 anos! -, e eu participava de um treinamento, em Salvador, Bahia. A Cruzeiro do Sul Linhas Aéreas, empresa nascida em 1927 e falecida em 1993, era a proprietária da aeronave Boeing 737-200 que, em voo de uma hora, aproximadamente, conduzir-me-ía do Aeroporto 2 de Julho (antigo nome do aeroporto de Salvador) ao Guararapes, em Recife. Era meu primeiro e inesquecível voo.
Eu estava de tal maneira ansioso que deixei no banco do táxi a pochete - "elegante" artefato da moda masculina, à época - e a passagem, devolvidas por seu honesto, atencioso e educado motorista, quando me dirigia ao guichê da empresa sem que ainda houvesse me dado conta do esquecimento. A bagagem a despachar estava comigo.
Uma vez a bordo, e deslumbrado com o que via, tentei dar início a uma conversa com o famoso ator Grande Otelo, vizinho de poltrona, que, por cansaço ou pela aparente desimportância do magrelo cabeludo que ousou dirigir-lhe a palavra, negou reciprocidade. Do episódio, aliás, tirei uma lição: NUNCA DEVEMOS TIETAR NINGUÉM. Sou assim, até hoje.
O voo, noturno, integralmente feito sob tempo bom, deixou-me embasbacado quando os comandantes, durante os procedimentos de aproximação para pouso, realizaram uma espécie de "panorâmico", a presumíveis quinhentos pés, exibindo toda a beleza da exuberante capital pernambucana. Vista do alto, de dia ou à noite, Recife é a mais linda cidade brasileira.
Desembarque feito, voltei à realidade, e, se já era um cidadão fascinado pela aviação e tudo o que a ela diz respeito, tornei-me mais ainda. Voar passou a ser uma das minhas paixões e creio que até agora acumulo entre 250/300 voos, considerando as viagens em aviões de carreira, as caronas e as muitas incursões aéreas, desde que me tornei "rato de aeroclube", quando residi em João Pessoa e Recife.
As experiências então vivenciadas serão objeto de futuro conto, a depender da "audiência". Elas foram muitas.
PGMorais
Enviado por PGMorais em 27/02/2024
Alterado em 27/02/2024