Essa história se passou
Quando eu era pirralho
Tive medo p'ra caralho
Tanto que aqui estou
Recontando o que rolou
Há tanto tempo atrás
Era maio, aliás
Das madrugadas escuras
O que fez daquela agrura
Não me esquecer, jamais

Toda semana havia
Com o professor Vicente
Que era, então, docente
Na escola a que servia
E não faltava, um dia
À aula que ministrava
E que a turma odiava
Por ter de acordar cedo
O que era um "segredo"
De que não desconfiava

Era de Educação
Física a aula dada
E em certa madrugada
Eu saí para a missão
Quando em um quarteirão
De casa já bem distante
Eu parei por um instante
P'ra melhor observar
"Algo" a se deslocar
Como um ser flutuante

Eu corri, desembestado,
P'ra bodega da esquina
Onde contei minha sina
A um velho embriagado
Que era muito educado
E, sereno, me acalmou
Disse: "se quiser eu vou,
mas a escola tá perto;
basta caminhar esperto"
Aí, eu disse: "já vou "

Na escola, relatei
O que havia sucedido
E fui bem compreendido
Tanto que eu estranhei
O dia em que passei
A ter a aula à tardinha
Com a professora Lurdinha
Que a dava com o fervor
Que o antigo professor
Das aulas de manhãzinha